sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Eu escolhi a paz


Eis que eu tomo a decisão mais egoísta e racional da minha vida. Quando tudo parecia certo e encaminhado para um resto de vida monogâmico, eu escolhi cancelar o rolê e ficar em casa assistindo Netflix. 

Acontece que não tinha responsabilidade emocional nenhuma da outra parte. E tudo bem. Nem todo mundo está preparado pra pagar o preço emocional de se envolver com outra pessoa. 

O problema é que quando você é a única fonte de pensamentos saudáveis e responsável pra desarmar todos os gatilhos - que muitas vezes não eram nem gatilhos - O seu desgaste é bem maior. Veja, você estabiliza o outro, você mesmo e o relacionamento como uma terceira entidade. 

Outra coisa é constantemente ser lembrado de que tudo pode dar errado a qualquer momento. Mas essa é uma certeza que você já está ciente desde que nasceu. A gravidade que nos prende ao chão é a mesma que faz a gente ralar o joelho ou quebrar alguns ossos durante tombos. 

Então eu escolhi a paz. Escolhi a solidão e a solitude. Ser responsável apenas pela minha estabilidade emocional. A decisão foi racional, mas meu emocional levou a porrada. Pra ele eu digo todos os dias "foi a melhor coisa que eu fiz por mim". 

Pela paz que eu escolhi, mas ainda não encontrei, eu continuo todos os dias insistindo que a saudade faz parte até ficar mais suportável. Insisto que tudo aquilo que não conseguimos ser serão fantasmas que não poderão me prender pra sempre e um dia eles até deixarão de me assombrar. Eu já entendi que a paz que eu escolhi está vindo do Aliexpress, então nem adianta me estressar ou ficar ansioso com a sua chegada. 

Vai ser uma manhã de domingo quando eu acordar e perceber que ela já chegou e se instalou aqui. Vai ser calmo, vai ser pra valer a pena as minhas decisões mais difíceis, vai ser com um café preto, panquecas com calda de frutas vermelhas e blá blá blá...